Esquema do Livro: “Como um Romance.”
I. Nascimento do Alquimista.
Ø
O verbo Ler
não suporta o imperativo!
Ler + Obrigação = 0
Ø
Leitura Chata:
Romancistas do
Século XIX
|
Século Atual
|
Descrição
|
Era do Audiovisual
|
Ø
Leitura X Meio:
Estragar a vista
O Sol brilha lá fora Ler se torna
subversivo
Já é tarde
Ø
Para ler então, era preciso desobedecer aos
pais.
Ø
Fase
da criança:
Ø
Leitura de pai para filho: descoberta da abstração do mundo para a busca de um sentido do
mesmo.
Ø
A criança descobre o mundo da imaginação, agora
ela tem pressa em aprender a ler!
Pois,
foi desperto nela, o prazer de ler.
Ø
Fase
da Adolescência:
Ø
Leitura voltada para provas escolares:
Leitura obrigatória, sem prazer, o
livro se torna tedioso, insuportável e um esforço fracassado.
Televisão:
tudo mastigado, passivos diante dela.
Livro: temos
que imaginar tudo, somos ativos diante dele.
Ø
O peso das horas em frente à tv é
esmagadoramente grande em
relação às
horas na escola.
Ø
Leitura de geração em geração: o ato de ler
diminui conforme
aumentam as
gerações.
Por que? A
própria cultura nos leva a isso, a geração de hoje tem uma relação
infinitamente grande de “motivos” para não ler, ela é cliente total de uma
sociedade que dita as regras, de sobrevivência.
Ø
De quem é a culpa? Da tv, da tecnologia, do
consumismo e da escola....
Como as
crianças vão ler nestas condições?
Ø
Por que o adolescente perde a vontade de ler, se,
quando criança adorava as histórias lidas pelos pais?
Falta de
prazer em ler...
Ø
Fase
infantil:
Ø
Depois de muitas leituras feitas pelos pais,
(estes já esgotados da tarefa) chega a hora de ir a escola, alívio para aqueles
contadores de histórias.
Ø
Escola = Início = Entusiasmo.
A criança sente o
prazer em ler na sua primeira palavra, a
qual foi
escrita por ela mesma.
Este prazer não teme imagem televisual nem
a tecnologia
nem o
consumismo etc...
Ø
Fase
adolescente:
Ø
Perda do prazer de ler...
Não se perde
tão completamente, desgarrou-se apenas, sendo fácil de ser reencontrado.
Ø
Fase
infantil:
Ø
Agora ele sabia ler, lia os nomes de marcas e
decifrava tudo.
Ø
Pensamento dos pais:
Ø
Assim acabavam-se as leituras noturnas, os
filhos tinham que continuar por si mesmos...
Ø
Mas a criança aprendeu o gesto de ler, ela ainda
não sabe realmente ler!
Ø
Aqui começa
a pressão dos pais e o sufoco dos filhos, em fazê-los lerem em voz alta e
dizerem o que entenderam, horas de desgaste
depois do trabalho e da aula.
Pais Filhos
Ø
A criança ficara triste, não “rendera” nas
leituras, mas os pais insistiam, algum problema médico?-- Com a saúde estava tudo certo, então, era só
preguiça?-- Não, ele apenas seguia o seu
ritmo, do qual não contentava seus pais.
Ø
Entra aí outra
culpa pelas crianças não gostarem de ler: a do amor, que prendera os
filhos em um quarto, em uma sala de aula, cortando sua liberdade e matando o
prazer através do esforço excessivo.
Ø
Métodos utilizados pelos pais para fazerem seus
filhos entenderem um livro:
Cada parte
entendida, era recompensada com a tv, assim, a leitura foi totalmente reduzida
à obrigação.
Ø
A criança é desde cedo um bom leitor, mas é
preciso que os pais continuem estimulando seu entusiasmo e o desejo de
aprender, ao invés de por em prova sua competência; e de lhe impor o dever de
recitar.
Assim a
criança terá prazer em ler, este poderá se transformar em um
gostoso dever com o tempo.
Ø
Para que este prazer permaneça é só continuar
todas as noites a leitura daquela sua história preferida.E os pais se contentam
em ler, e não cobram nada por isso, assim, o progresso virá pouco a pouco,
sendo que a própria criança o demonstrará.
II.É Preciso Ler (O dogma).
Ø
O drama do carinha em seu quarto: é obrigado a
ler um livro de 446 páginas; está parado na 48, tem que apresentar uma ficha de
leitura para o dia seguinte e resolve enfrentar o livro madrugada adentro, sem
sucesso algum já que a obrigação “matou” seu estímulo.
Menino + Ler por Obrigação = 0 (não conseguiu ler o livro e
nem fez as fichas de leitura)
O que ele pode fazer agora?
Copiar
as fichas de outra pessoa!
O professor: queixa-se
com os pais do garoto: “Ele não gosta de ler”.
Os pais: Não entendem o motivo
dele não gostar de ler, dizendo que até proibiram a tv
1º
Erro dos pais.
Preocupação dos pais: De
que o filho repita o ano letivo.
2º Erro.
|
O Dogma que “assombra” todos os pais:É Preciso Ler!
Mas para que ?
Para: “Aprender;
Dar certo nos estudos;
Nos informarmos;
Saber de onde viemos;
Sebermos quem somos;
Conhecer melhor os outros;
Saber para onde vamos;
Conservar a memória do passado;
Esclarecer nosso presente;
Aproveitar as experiências
anteriores;
Não repetir as besteiras de
nossos ancestrais;
|
Ganhar tempo;
Nos evadirmos;
Buscar um
sentido na vida;
Compreender os
fundamentos de nossa civilização;
Alimentar
nossa curiosidade;
Nos
distrairmos;
Nos
informarmos;
Nos
cultivarmos;
Comunicar;
Exercer nosso
espírito crítico.”
|
Ø
Mas será que o professor que impõe leituras de
romances, interpretações de poemas escolhidos por ele mesmo, ou interpretações
de textos da sua escolha deseja realmente que os alunos leiam?
Então se chega à conclusão de que
não há prazer nas leituras escolares....
Pois, “Ler é algo que se aprende na escola”.
“Gostar de lar...”
Ø
O professor deve então:
Exigir leitura.
|
Partilhar sua própria
felicidade em ler.
|
Quando uma pessoa querida nos
oferece um livro, lemos por causa dela (“para encontrar no livro seus gostos e
as razões que levaram esta pessoa a lê-lo”), mas, depois de algumas páginas
caminhamos por nós mesmos, sem a lembrança desta pessoa.
Depois de alguns anos certos
títulos transformam-se em rostos, estes, nem sempre o da pessoa amada.
Esse processo todo deve acontecer entre aluno e professor.
Exemplo deste processo: Professor Perros, que lia para seus
alunos em voz alta, sem pedir nada em troca, e não supunha que os alunos sabiam
ler, ou que tivessem uma “biblioteca na cabeça”, ele oferecia tudo o que sabia,
ao escutá-lo os alunos tinham vontade imensa de ler.
Sem pretensão, ele despertou nos
alunos a “vontade de transmitir” aquele conhecimento.
Em qualquer plano de aula, o
professor deve antes de qualquer coisa, dar aos alunos à vontade de ler...
(exemplo “sonhado” da prova de letras de uma jovem, ao perder seu plano de
aula).
III. Dar a Ler
Ø
Peguemos o exemplo de uma classe de alunos
repetentes, a auto-estima deles esta em frangalhos...acham-se burros, e sem
futuro...
O professor pergunta: “Quem é que
não gosta de ler?”
Quase todos os alunos levantam as
mãos, então o professor diz: “Já que vocês não gostam de ler eu vou ler para
vocês.” Ele tira um livro enorme; os alunos fazem algumas indagações; e assim
ele começa....
Depois de algumas leituras, os
alunos não conseguiam esperar até a próxima semana para continuarem ouvindo o
professor, eles terminavam de ler em casa, e faziam naturalmente as análises
dos livros, já que a voz do professor reconciliou-os com a escrita, (leitura)
desta forma eles redescobriram o verdadeiro prazer em ler.
Assim a função do
professor é a de uma casamenteira
Ø
A problemática dos alunos: eles têm medo
de não compreender, e de que o livro demore uma eternidade para ser lido, mas
depois de algumas páginas eles descobrem que o tempo, o tamanho e a compreensão
estão a nosso favor.
Ø
Se o tempo para ler for um problema, é sinal
de que falta também à vontade, já que ninguém dispõe deste tempo, por isso,
temos que “encontrá-lo” ou “roubá-lo”.
Ø
1º Passo para se reconciliar com a leitura:
não pedir nada em troca, ou seja, nenhuma análise de texto, nada de explicação
de vocabulário....pois “não se força uma curiosidade, desperta-se”.
Só poderemos ensinar se os alunos
estiverem reconciliados com os livros.
Ø
Assim eles irão percorrer por “vontade própria”
o caminha das análises literárias, e dos programas escolares.
Então: Professor lê, ou melhor, conta um livro aos seus
alunos.
Aos poucos é despertado o gosto, (prazer) pela leitura.
Assim, curiosos, eles lêem
sozinhos.
Tendo vontade, eles aprendem a “roubar” o tempo para leitura,
Assim, o tamanho do livro também não os amedronta mais.
Com a curiosidade surgem as
perguntas sobre o livro lido.
Elas são as análises de texto que os
alunos fazem sem perceber.
Este é o momento de ensinar o que eles
devem saber a respeito dos livros.
Entra em
cena análise de texto feita com a coordenação do professor.
A partir deste momento poderá ser
seguido o programa da escola.
Ø
Exemplo ao pedir que os alunos descrevam uma
biblioteca, um leitor, e um livro:
Biblioteca (o
móvel)
|
Leitor.
|
Livro.
|
Muro impenetrável.
|
Pessoa sagrada,
diferente de todas as outras, alienada do mundo.
|
Objeto sagrado.
|
Ø
É preciso dissipar esta visão.
Ø
O livro: não é um objeto sagrado, “já que
o submetemos a tudo”, alguns rabiscam, dobram, queimam depois de serem lidos ou
não devolvem os que tomaram emprestados.
Ø
Existem todos os tipos, os feitos em uma semana
a respeito de alguma pessoa que morreu, os de luxo, os simples e os de letras
enormes, assim os escritores os fazem de acordo com a própria vontade.
IV. O que lemos, quando lemos.
(ou os direitos imprescritíveis do
leitor)
Ø O leitor: 1 O direito de não ler.
Ø As pessoas
têm o direito de escolher entre um livro ou um filme ruim, já as pessoas
“respeitáveis, diplomadas ou eminentes”, tem o direito de não ler, mesmo com
uma biblioteca em casa.
Ø Desta
forma cabe ao professor, ensinar as crianças a ler, iniciá-las na literatura e
dar-lhes os meios de julgarem, se sentem ou não a necessidade de um livro.
Ø 2 O
direito de pular páginas.
Ø Este
direito nos mostra que podemos ler apenas o que nos interessa em um livro, e se
temos vontade de ler uma história mas tem uma parte dela que não irá nos
agradar, é só pulá-la ao invés de deixar de lê-la.
Ø Se não
pularmos páginas, outros o farão.
Ø
Pode acontecer de nos obrigarmos a ler o livro
até o fim, talvez seja uma “categoria do nosso prazer de leitor”.
3 O
direito de não terminar um livro.
Ø
Existem muitas razões para não terminar um
livro: sentimento de que o livro contenha uma história “repetida”, uma história
que não nos prende, um estilo que não gostamos, e a razão mais forte é a do
sentimento de perda.
Ø
Às vezes começamos a ler um livro, mas não
conseguimos entendê-lo, então mesmo sabendo que ele merece ser lido, o deixamos
de lado, para quem sabe, após alguns anos voltamos a lê-lo.
Ø
Assim
fica a escolha de pensar que nos falta inteligência, ou rever nossos gostos.
4 O
direito de reler.
Ø
Reler ou redescobrir o mundo.
Ø
Cada vez que relemos “olhamos” a história de uma
outra perspectiva.
Ø
Reler por prazer ou para entender o que passou
desapercebido.
5 O
direito de ler qualquer coisa.
Ø
Podemos ler tanto um livro “pronto para o
consumo” (aquele que “não valoriza a criação, mas faz a reprodução de formas
preestabelecidas”) ou um bom romance como Madame Bovary.
Ø
Temos o direito até de achar um livro ruim, quando
na verdade ele é bom ou vice versa.
6 O
direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
Ø
É simplesmente gostar de um livro “bobo”, que
nos de uma satisfação imediata e exclusiva,
principalmente quando éramos adolescentes.
7 O
direito de ler em qualquer lugar.
Ø
Exemplo do soldado que se oferecia para limpar
as latrinas do banheiro; na verdade ele fazia o trabalho rapidamente para ler
Nicolai Gogol, outro soldado agradecia as suas prisões de ventre para ler as
memórias de Saint-Simon.
8 O direito
de ler uma frase aqui e outra ali.
Ø
O direito de aproveitar um momento e ler apenas
uma parte de um livro.
Ø
Se não temos tempo, porque não aproveitar alguns
minutos de um livro, em que alguns deles se prestam melhor que outros a este
tipo de leitura.
9 O
direito de ler em voz alta.
Ø
Ler em voz alta pelo encantamento, pelo prazer,
pela necessidade de entender.
10 O
direito de calar.
Ø
A leitura pede ser feita como parte íntima de
nós mesmos, sem a necessidade de dar explicações sobre o livro lido.