segunda-feira, 24 de junho de 2013

Esquema do Livro: “Como um Romance.”

I. Nascimento do Alquimista.

Ø  O verbo Ler não suporta o imperativo!
Ler + Obrigação = 0


Ø  Leitura Chata:

Romancistas do Século XIX

Século  Atual
Descrição
Era do Audiovisual


Ø  Leitura X Meio:

Estragar a vista
O Sol brilha lá fora                                                      Ler se torna subversivo      
Já  é tarde


Ø  Para ler então, era preciso desobedecer aos pais.


Ø  Fase da criança:
Ø  Leitura de pai para filho: descoberta da abstração do mundo para a busca de um sentido do mesmo.

Ø  A criança descobre o mundo da imaginação, agora ela tem pressa em aprender a ler!
 




Pois, foi desperto nela, o prazer de ler.

Ø  Fase da Adolescência:
Ø  Leitura voltada para provas escolares:
Leitura obrigatória, sem prazer, o livro se torna tedioso, insuportável e um esforço fracassado.
Televisão: tudo mastigado, passivos diante dela.
Livro: temos que imaginar tudo, somos ativos diante dele.
Ø  O peso das horas em frente à tv é esmagadoramente grande em
relação às horas na escola.
Ø  Leitura de geração em geração: o ato de ler diminui conforme
aumentam as gerações.
Por que? A própria cultura nos leva a isso, a geração de hoje tem uma relação infinitamente grande de “motivos” para não ler, ela é cliente total de uma sociedade que dita as regras, de sobrevivência.
Ø  De quem é a culpa? Da tv, da tecnologia, do consumismo e da escola....
         
Como as crianças vão ler nestas condições?
Ø  Por que o adolescente perde a vontade de ler, se, quando criança adorava as histórias lidas pelos pais?
Falta de prazer em ler...

Ø  Fase infantil:
Ø  Depois de muitas leituras feitas pelos pais, (estes já esgotados da tarefa) chega a hora de ir a escola, alívio para aqueles contadores de histórias.
Ø  Escola = Início = Entusiasmo.
                           A criança sente o prazer em ler na sua primeira palavra, a                                                     
                                 qual foi escrita por ela mesma.
                                 Este prazer não teme imagem televisual nem a tecnologia
                                 nem o consumismo etc... 




Ø  Fase adolescente:
Ø  Perda do prazer de ler...
Não se perde tão completamente, desgarrou-se apenas, sendo fácil de ser reencontrado.

Ø  Fase infantil:
Ø  Agora ele sabia ler, lia os nomes de marcas e decifrava tudo.
Ø  Pensamento dos pais:
Texto explicativo em forma de nuvem: “Nós nos deixamos ficar cegos por este entusiasmo?”
“Acreditamos que bastaria a uma criança o prazer das palavras para dominar os livros?”
“Pensamos que a aprendizagem da leitura iria por si mesma, como a vão a marcha vertical ou a linguagem”......











Ø  Assim acabavam-se as leituras noturnas, os filhos tinham que continuar por si mesmos...
Ø  Mas a criança aprendeu o gesto de ler, ela ainda não sabe realmente ler!
Ø  Aqui começa a pressão dos pais e o sufoco dos filhos, em fazê-los lerem em voz alta e dizerem o que entenderam, horas de desgaste depois do trabalho e da aula.


                                               Pais                                       Filhos
Ø  A criança ficara triste, não “rendera” nas leituras, mas os pais insistiam, algum problema médico?--  Com a saúde estava tudo certo, então, era só preguiça?--  Não, ele apenas seguia o seu ritmo, do qual não contentava seus pais.
Ø  Entra aí outra culpa pelas crianças não gostarem de ler: a do amor, que prendera os filhos em um quarto, em uma sala de aula, cortando sua liberdade e matando o prazer através do esforço excessivo.
Ø  Métodos utilizados pelos pais para fazerem seus filhos entenderem um livro:
Cada parte entendida, era recompensada com a tv, assim, a leitura foi totalmente reduzida à obrigação.
Pergaminho vertical: Ø [... ]“Uma criança não fica muito interessada em aperfeiçoar o instrumento com o qual é atormentada; mas façais com que este instrumento sirva a seus prazeres e ela irá logo se aplicar, apesar de vós.”
Ø [...] “Um meio mais seguro do que esses todos é aquele que se esquece sempre, é o desejo de aprender. Dai à criança o desejo de vossas escrivaninhas(..); todo método lhe será bom.”
Ø [....] “O interesse presente; aí está o grande impulso, o único que o conduz com segurança, e longe.” 
Ø [...] “Se obtém mais seguramente aquilo que não se está, de modo nenhum, apressado em obter.” (Rousseau)













Ø  A criança é desde cedo um bom leitor, mas é preciso que os pais continuem estimulando seu entusiasmo e o desejo de aprender, ao invés de por em prova sua competência; e de lhe impor o dever de recitar.
                                 Assim a criança terá prazer em ler, este poderá se transformar em um     
                                            gostoso dever com o tempo.




Ø  Para que este prazer permaneça é só continuar todas as noites a leitura daquela sua história preferida.E os pais se contentam em ler, e não cobram nada por isso, assim, o progresso virá pouco a pouco, sendo que a própria criança o demonstrará.

II.É Preciso Ler (O dogma).

Ø  O drama do carinha em seu quarto: é obrigado a ler um livro de 446 páginas; está parado na 48, tem que apresentar uma ficha de leitura para o dia seguinte e resolve enfrentar o livro madrugada adentro, sem sucesso algum já que a obrigação “matou” seu estímulo.

Menino + Ler por Obrigação = 0 (não conseguiu ler o livro e nem fez as fichas de leitura)
                                                                      
           
                                                     O que ele pode fazer agora?
                                                                      

                                                           Copiar as fichas de outra pessoa!

                              O professor: queixa-se com os pais do garoto: “Ele não gosta de ler”.

Os pais: Não entendem o motivo dele não gostar de ler, dizendo que até proibiram a tv                                                                                                                      
                                                                                        1º Erro dos pais.
Caixa de texto: As crianças têm excesso de atividades, (violão, dança, judô, tênis, etc.), mas elas necessitam de um horário para leituras, para que se desperte o gosto em ler.



Preocupação dos pais: De que o filho repita o ano letivo.

                                              2º Erro.
A preocupação deve ser em estimular o gosto pela leitura na criança, pois reprovando ou não, o problema continuará, e o “fantasma do livro” o perseguirá por anos afrente.
 
 






O Dogma que “assombra” todos os pais:É Preciso Ler!

Mas para que ?
Para: “Aprender;
Dar certo nos estudos;
Nos informarmos;
Saber de onde viemos;
Sebermos quem somos;
Conhecer melhor os outros;
Saber para onde vamos;
Conservar a memória do passado;
Esclarecer nosso presente;
Aproveitar as experiências anteriores;
Não repetir as besteiras de nossos ancestrais;

Ganhar tempo;
Nos evadirmos;
Buscar um sentido na vida;
Compreender os fundamentos de nossa civilização;
Alimentar nossa curiosidade;
Nos distrairmos;
Nos informarmos;
Nos cultivarmos;
Comunicar;
Exercer nosso espírito crítico.”



Ø  Mas será que o professor que impõe leituras de romances, interpretações de poemas escolhidos por ele mesmo, ou interpretações de textos da sua escolha deseja realmente que os alunos leiam?
Então se chega à conclusão de que não há prazer nas leituras escolares....
Pois, “Ler é algo que se aprende na escola”.
“Gostar de lar...”

Ø  O professor deve então:
Exigir leitura.

Partilhar sua própria felicidade em ler.
Quando uma pessoa querida nos oferece um livro, lemos por causa dela (“para encontrar no livro seus gostos e as razões que levaram esta pessoa a lê-lo”), mas, depois de algumas páginas caminhamos por nós mesmos, sem a lembrança desta pessoa.
Depois de alguns anos certos títulos transformam-se em rostos, estes, nem sempre o da pessoa amada.
Esse processo todo deve acontecer entre aluno e professor.

Exemplo deste processo: Professor Perros, que lia para seus alunos em voz alta, sem pedir nada em troca, e não supunha que os alunos sabiam ler, ou que tivessem uma “biblioteca na cabeça”, ele oferecia tudo o que sabia, ao escutá-lo os alunos tinham vontade imensa de ler.
Sem pretensão, ele despertou nos alunos a “vontade de transmitir” aquele conhecimento.

Em qualquer plano de aula, o professor deve antes de qualquer coisa, dar aos alunos à vontade de ler... (exemplo “sonhado” da prova de letras de uma jovem, ao perder seu plano de aula).

III. Dar a Ler

Ø  Peguemos o exemplo de uma classe de alunos repetentes, a auto-estima deles esta em frangalhos...acham-se burros, e sem futuro...
O professor pergunta: “Quem é que não gosta de ler?”
Quase todos os alunos levantam as mãos, então o professor diz: “Já que vocês não gostam de ler eu vou ler para vocês.” Ele tira um livro enorme; os alunos fazem algumas indagações; e assim ele começa....
Depois de algumas leituras, os alunos não conseguiam esperar até a próxima semana para continuarem ouvindo o professor, eles terminavam de ler em casa, e faziam naturalmente as análises dos livros, já que a voz do professor reconciliou-os com a escrita, (leitura) desta forma eles redescobriram o verdadeiro prazer em ler.

                     Assim a função do professor é a de uma casamenteira


Ø  A problemática dos alunos: eles têm medo de não compreender, e de que o livro demore uma eternidade para ser lido, mas depois de algumas páginas eles descobrem que o tempo, o tamanho e a compreensão estão a nosso favor.
Ø  Se o tempo para ler for um problema, é sinal de que falta também à vontade, já que ninguém dispõe deste tempo, por isso, temos que “encontrá-lo” ou “roubá-lo”.
Ø  1º Passo para se reconciliar com a leitura: não pedir nada em troca, ou seja, nenhuma análise de texto, nada de explicação de vocabulário....pois “não se força uma curiosidade, desperta-se”.
          
            Só poderemos ensinar se os alunos estiverem reconciliados com os livros.        


Ø  Assim eles irão percorrer por “vontade própria” o caminha das análises literárias, e dos programas escolares.

Então: Professor lê, ou melhor, conta um livro aos seus alunos.

                Aos poucos é despertado o gosto, (prazer) pela leitura.

                    Assim, curiosos, eles lêem sozinhos.
             
                                                 
                                              Tendo vontade, eles aprendem a “roubar” o tempo para leitura,         
                                                Assim, o tamanho do livro também não os amedronta mais.      


Com a curiosidade surgem as perguntas sobre o livro lido.

Elas são as análises de texto que os alunos fazem sem perceber.


Este é o momento de ensinar o que eles devem saber a respeito dos livros.

                                    Entra em cena análise de texto feita com a coordenação do professor.


A partir deste momento poderá ser seguido o programa da escola.

Ø  Exemplo ao pedir que os alunos descrevam uma biblioteca, um leitor, e um livro:

Biblioteca (o móvel)
Leitor.
Livro.
Muro impenetrável.
Pessoa sagrada, diferente de todas as outras, alienada do mundo.
Objeto sagrado.


Ø  É preciso dissipar esta visão.
Ø  O livro: não é um objeto sagrado, “já que o submetemos a tudo”, alguns rabiscam, dobram, queimam depois de serem lidos ou não devolvem os que tomaram emprestados.
Ø  Existem todos os tipos, os feitos em uma semana a respeito de alguma pessoa que morreu, os de luxo, os simples e os de letras enormes, assim os escritores os fazem de acordo com a própria vontade.

IV. O que lemos, quando lemos.
(ou os direitos imprescritíveis do leitor)

Ø O leitor: 1 O direito de não ler.
Ø As pessoas têm o direito de escolher entre um livro ou um filme ruim, já as pessoas “respeitáveis, diplomadas ou eminentes”, tem o direito de não ler, mesmo com uma biblioteca em casa.
Ø Desta forma cabe ao professor, ensinar as crianças a ler, iniciá-las na literatura e dar-lhes os meios de julgarem, se sentem ou não a necessidade de um livro.

Ø 2 O direito de pular páginas.
Ø Este direito nos mostra que podemos ler apenas o que nos interessa em um livro, e se temos vontade de ler uma história mas tem uma parte dela que não irá nos agradar, é só pulá-la ao invés de deixar de lê-la.
Ø Se não pularmos páginas, outros o farão.
Ø  Pode acontecer de nos obrigarmos a ler o livro até o fim, talvez seja uma “categoria do nosso prazer de leitor”.

3 O direito de não terminar um livro.
Ø  Existem muitas razões para não terminar um livro: sentimento de que o livro contenha uma história “repetida”, uma história que não nos prende, um estilo que não gostamos, e a razão mais forte é a do sentimento de perda.
Ø  Às vezes começamos a ler um livro, mas não conseguimos entendê-lo, então mesmo sabendo que ele merece ser lido, o deixamos de lado, para quem sabe, após alguns anos voltamos a lê-lo.
Ø   Assim fica a escolha de pensar que nos falta inteligência, ou rever nossos gostos.

4 O direito de reler.
Ø  Reler ou redescobrir o mundo.
Ø  Cada vez que relemos “olhamos” a história de uma outra perspectiva.
Ø  Reler por prazer ou para entender o que passou desapercebido.

5 O direito de ler qualquer coisa.
Ø  Podemos ler tanto um livro “pronto para o consumo” (aquele que “não valoriza a criação, mas faz a reprodução de formas preestabelecidas”) ou um bom romance como Madame Bovary.
Ø  Temos o direito até de achar um livro ruim, quando na verdade ele é bom ou vice versa.
6 O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
Ø  É simplesmente gostar de um livro “bobo”, que nos de uma satisfação imediata e exclusiva,  principalmente quando éramos adolescentes.

7 O direito de ler em qualquer lugar.
Ø  Exemplo do soldado que se oferecia para limpar as latrinas do banheiro; na verdade ele fazia o trabalho rapidamente para ler Nicolai Gogol, outro soldado agradecia as suas prisões de ventre para ler as memórias de Saint-Simon.

8 O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
Ø  O direito de aproveitar um momento e ler apenas uma parte de um livro.
Ø  Se não temos tempo, porque não aproveitar alguns minutos de um livro, em que alguns deles se prestam melhor que outros a este tipo de leitura. 

9 O direito de ler em voz alta.
Ø  Ler em voz alta pelo encantamento, pelo prazer, pela necessidade de entender.

10 O direito de calar.
Ø  A leitura pede ser feita como parte íntima de nós mesmos, sem a necessidade de dar explicações sobre o livro lido.